“Tanta coisa me marcou na China que, para não escrever um ‘tratado’, mando meu depoimento no formato de relação de coisas inesquecíveis:
– A chegada em Beijing: logo que o avião pousa, o respeito solene pela capital do país dos ancestrais expresso por meu pai.
– A primeira paisagem da China: a China é cinzenta e amarela!
– Nossa guia em Beijing apresentando a si mesma e ao bonequinho de sua bandeira: “Margarida e Mário”.
– Andar pelas ruas utilizando meus rudimentos de língua chinesa, sendo compreendido e compreendendo a maior parte das respostas.
– Idosos esfregando as costas nas árvores de manhã cedo nos parques de Beijing.
– A grandiosidade da Cidade Proibida e as minúcias dos detalhes da sua arquitetura. Que beleza, então, teria sido o Palácio de Verão Original, antes da sua destruição em 1860….
– Chineses jogando peteca com os pés nos jardins do Templo do Céu.
– Taijiquan na Grande Muralha.
– Constatar que os chineses reencontraram suas habilidades comerciais: museus e clínicas também fazem dinheiro.
– A viagem de trem convencional… um capítulo à parte.
– A descrição de Luoyang feita pelo fantástico guia turístico Fidel: “Luoyang é uma cidade pequena, com sete milhões de habitantes”.
– O primeiro dia em Chenjiagou, quando meu pai fez amizade com o mestre Huang Mantang. Uma amizade no mais puro sentido.
– Mestre Huang Mantang nos leva para visitar a escola do grão-mestre Wang Xi’an em Chenjiagou e em Wenxian.
– Somos convidados pelo mestre Huang Mantang para uma festa de casamento em Chenjiagou – dois almoços em dois dias seguidos. Sabores, cores, sons e impressões únicos.
– Fazemos atendimento a uma senhora idosa, parenta do mestre Huang. É sempre gratificante poder ajudar alguém.
– A dona do restaurante em Chenjiagou, falando o prato do dia com seu sotaque local: “Mian!” (macarrão).
– Mestre Huang nos conduz a um templo taoísta recém-construído em Chenjiagou, a supervisora convida meu pai para ser diretor da área clínica do templo. Entramos no templo para prestar reverência ao Imperador de Jade. Vareta de incenso muito quebradiça…
– Ainda com mestre Huang, a visita à construção do canal que levará água do Rio Amarelo para o Norte da China.
– Visita ao Templo do Taijiquan – descobrimos que a estátua de Chen Wangting foi doada por uma associação de Taiwan (doado por Taiwan também foi o dinheiro para a reconstrução da casa de Yang Luchan). É o Taijiquan fortalecendo os laços entre os dois lados do estreito.
– Visita ao Mausoléu da Família Chen… contemplar aquelas lápides e imaginar os grandes mestres referidos por elas.
– Viagem com mestre Huang até Xi’an, de trem de alta velocidade – 340 Km/h. Partimos de uma estação ferroviária de alto luxo, sem estradas pavimentadas que levem até ela, num lugarejo minúsculo chamado Gongyi.
– Mestre Huang mais uma vez demonstra sua nobreza de caráter, providenciando acolhimento por uma família amiga, com quem passeamos durante um dia e meio.
– A beleza deslumbrante da cidade de Xi’an.
– Realização de um grande desejo de meu pai: conhecer o Parque Huaging, na encosta do monte Lishan, em Xi’an. Neste local, em 1936, o general Chiang Kai-shek sofreu um atentado e foi aprisionado por um general do seu próprio exército. As consequências desse fato moldaram a trajetória da China, de Taiwan e da minha família.
– O momento de despedida do mestre Huang – o quase-abraço chinês.
– As artes comerciais de Shaolin.
– A modernidade jovial da cidade de Shanghai.
– O sentimento pleno de que estar com meu pai durante essa viagem foi das coisas mais importantes que já fiz por ele. A certeza de que este foi o momento perfeito para acompanhá-lo nesse “retorno”.
– A satisfação de ver meu pai com a alma feliz ao reconhecer, na simplicidade interiorana das casas dos camponeses de Chenjiagou, os objetos e o jeito de ser do seu tempo de juventude em sua cidade natal.
– A gratidão a todos aqueles que tornaram essa viagem possível.”
Aristein Woo é médico acupunturista e Diretor Técnico do IFTB.
Ele pratica a arte do Taijiquan com seu pai, o Mestre Woo, desde a infância.
Aristein e seu pai visitaram a CHINA – país de seus antepassados-, pela primeira vez, conosco!